25 de junho de 2009

LATIFÚNDIO DA INTOLERÂNCIA

Direção Estadual MST/SC

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Santa Catarina, denunciou aos órgãos competentes toda a trajetória criminosa ocorrida na fazenda Mato Queimado, no município de Taió/SC em janeiro de 2008, quando da primeira ação das famílias Sem Terra naquela área. Desta data até hoje outras ações aconteceram.

Relembrando os fatos: no final de janeiro de 2008, o MST ocupou a fazenda Mato Queimado, depois do Decreto de Desapropriação. A reação do “proprietário” foi violenta, de muita brutalidade, com forte esquema de segurança armada – inclusive trabalhadores de empresas - e com o acompanhamento da PM de Taió.

Resultou na intervenção do Juiz Agrário chamando para uma “Audiência de Conciliação”. No dia 07 de fevereiro de 2008, houve a audiência presidida pelo Senhor Juiz Agrário, com a presença de Representante do Ministério Público, Representante do INCRA, MST, fazendeiro e outras Autoridades, para decidir os rumos das famílias Sem Terra, que conforme relatos e nota-se pelo Poema de autoria de Mona Lisa Budel (Internet), presente no ato, foram humilhadas, desrespeitadas e apedrejadas por trabalhadores e sociedade em geral articulados para o tal acontecimento. Foi decretado ponto facultativo no município para que os trabalhadores se manifestassem contra o MST. A ordem é a não presença do MST em Taió/SC.

No dia 06 de maio, o município de Taió/SC, foi novamente palco de ação de desrespeito aos direitos humanos, de repressão da polícia militar e de demonstração de ódio, violência e discriminação dos fazendeiros com seus seguranças privados fortemente armados, contra o INCRA, Polícia Federal, Oficial de Justiça e famílias Sem Terra que acompanhavam a distancia o ato jurídico de Imissão na Posse ao INCRA.

Na manhã deste dia, a cinco Km da Cidade de Taió, um ônibus que conduzia mulheres, homens, jovens e crianças do MST, e um caminhão com os pertences destas famílias, foram abordados por Policiais em quatro viaturas. Todas as pessoas e veículos foram revistadas, sendo apreendidas as ferramentas de trabalho, e posteriormente com o grau máximo de crueldade levaram presos para o pátio da brigada militar os dois veículos. Todas as pessoas ficaram na rua, no interior do município, sem a alimentação, mochilas, remédios, colchões, cobertores. Somente com o medo e as ameaças.

Acompanharam estes veículos dois jovens acampados, que foram indagados por um policial, que propõe o retorno de imediato para o local de origem, sem problemas e sem multas. Ou, do contrário, descarregar e serem multados. E foi isto que aconteceu.

Após saquearem as famílias, o comando denunciou ao Conselho Tutelar que haviam crianças sendo maltratadas no referido local, para fazer a averiguação.

A Polícia Militar fez guarnição na entrada da propriedade, em via pública exclusivamente para não deixar Sem Terra passar. A alegação era de proteger as famílias prevendo um confronto. Sabiam eles que do lado de dentro desta barreira encontrava-se um pelotão da milícia, comandada pelo fazendeiro, fortemente armada, que segundo um Soldado, estas armas são todas legalizadas e que o fazendeiro está lá para “matar quem entrar”. Mediante a certeza, há de se questionar, qual é o papel da Polícia Militar: Proteger a sociedade ou propriedade? Ameaça de morte não é crime?

Aguardamos que o INCRA seja “imitido na posse”, fato este que figurou impossibilitado neste mesmo dia mediante barreiras feitas com utilização de tratores, cães e homens com armas de fogo e cassetetes de origem suspeita. Os servidores do INCRA, o Oficial de Justiça e os dois Policiais Federais desistiram da ação pelo alto grau de ameaças.

Seguimos com todas as famílias para a comunidade do Assentamento 25 de maio, em Santa Terezinha/SC, a 70 Km aproximadamente do local, onde estão concentradas, muito embora ainda vigiadas a longa distância pelos comandantes Taioenses.

Este fato foi relatado em reunião com várias Entidades recebidas pelo Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel Eliesio Rodrigues, no Quartel General da Polícia Militar no dia 24 de abril de 2009, antes desta Jornada.

Reconhecemos o “poder de dominação” que existe no município, onde na grande maioria as pessoas são usadas para o enfrentamento. Dialogamos com a comunidade de Taió que revela um outro sentimento com relação ao MST e aos próprios “mandatários”. Reconhecemos os Trabalhadores e Trabalhadoras que se sentem aprisionados(as) por ameaças.

Buscamos romper com o latifúndio da Terra para produção da vida social, e rompendo acima de tudo com o latifúndio da intolerância, que não permite o desenvolvimento da vida com dignidade.


Direção Estadual MST/SC


REFORMA AGRÁRIA: POR JUSTIÇA SOCIAL E SOBERANIA POPULAR

Florianópolis, 17 de junho de2009.



Nenhum comentário:

Postar um comentário